terça-feira, 23 de junho de 2009

Avançar para não retroceder.


Enquanto os movimentos de defesa dos direitos das mulheres buscam ampliar o debate social sobre direitos sexuais e reprodutivos, principalmente sobre o direito das mulheres de decidirem sobre seus corpos, entidades ultra-conservadoras encontram apoio de alguns vereadores da cidade de São Paulo para criar uma Frente em Defesa da Vida (leia-se Frente Contra o Aborto).

O maior (ou pior) destaque da matéria é a tentativa de lançar dúvidas a respeito do aborto legal em caso de estupro. Os argumentos de um padre, citando supostos estudos sobre traumas psíquicos em mulheres que interrompem gestação iniciada com estupro, são usados para balizar a vontade do vereador do PSDB - Gabriel Chalita - para criar uma frente parlamentar contra o direito das mulheres.

Não se trata somente de mais uma batalha pela legalização do aborto e pela garantia do estado laico: Desta vez, estão tentando retirar o direito adquirido da mulher, que estuprada e grávida, seria obrigada a aceitar a gestação e calar-se sobre sua dor.

Segue o link para consulta e a matéria completa abaixo.


CÂMARA DE SÃO PAULO CRIARÁ FRENTE EM DEFESA DA VIDA

http://www.camara. sp.gov.br/ cr0309_net/ forms/frmNoticia Detalhe.aspx? n=1028

DIREITOS HUMANOS RECEBE MOVIMENTOS
CONTRÁRIOS AO ABORTO

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara ouviu, nesta
quinta-feira (18/06), representantes de instituições
contrárias ao aborto. O encontro, de luta pelo direito a vida, foi
conduzido pelo vereador Gabriel Chalita (PSDB), que mostrou sua
intenção em criar uma frente parlamentar a respeito do tema. O
debate foi aberto por Hermes Rodrigues Neri, coordenador do
Movimento em Defesa da Vida, de Taubaté. Para ele, "o aborto
é uma privação ao direito de nascer e de tornar-se pessoa." Neri
também citou pesquisa do Ibope, de 2005, em que 97% da
população brasileira diz ser contra a legalização do aborto.

Em seguida, Jorge Pereira Júnior, doutor em direito pela USP,
com estudos voltados para o estatuto da criança e do adolescente
apresentou sua posição a respeito do aborto. Para ele, o "direito
da criança começa no ventre, pois ninguém sabe responder
corretamente quando é o início da vida do ser humano." O padre
Berardo Graz, membro da regional sul da CNBB pelo direito a
vida, comentou estudos de universidades italianas sobre os traumas
psíquicos em mulheres quando o assunto é aborto relacionado a
estupro. De acordo com Graz, "ao retirar um feto advindo de um ato
violento como o estupro, a tendência é que seja reforçada
psiquicamente a idéia do ato violento, em contrapartida com mulheres
que levaram a gestação até o fim e tiveram considerável melhora em
relação ao trauma." Dom José Benedito Simão, bispo auxiliar
da arquidiocese de São Paulo, mostrou a posição da igreja: "o
aborto é um homicídios, pois consideramos que vida humana existe a
partir da fecundação." O vereador Gabriel Chalita mostrou
intenção em criar uma frente parlamentar em defesa da vida. "A
Comissão de Direitos Humanos é um palco que recebe opiniões,
olhares e temas diferentes ligados a vida. Eu acredito na vida como
direito da pessoa humana, desde o momento de sua concepção, por
isso, até mesmo por questões jurídicas, sou contra o aborto.
Estamos conversando com alguns vereadores para fazer reuniões
temáticas com juristas, cientistas, médicos, mulheres e homens para
debater este importante tema", comentou. Participaram do encontro os
vereadores Juscelino Gadelha (PSDB), Carlos Bezerra Jr
(PSDB), Quito Formiga (PR), Goulart (PMDB) e
Gabriel Chalita, presidente.

Um comentário:

  1. Matéria reitrada da págian da UOL

    http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/bbc/2009/07/14/ult4432u2305.jhtm
    14/07/2009 - 16h30


    Mulheres são menos resistentes ao HIV, diz estudo
    Da BBC Brasil
    Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que mulheres são "naturalmente mais fracas" na luta contra o HIV, vírus causador da Aids.

    Já se sabia que o HIV progride mais rapidamente em mulheres do que em homens que apresentam níveis semelhantes do vírus no sangue.

    Mas agora, uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts descobriu que uma molécula receptora envolvida no primeiro reconhecimento do HIV no corpo responde de forma diferente nas mulheres.

    O estudo americano se concentrou em células do sistema imunológico chamadas células dendríticas plasmocitóides, que estão entre as primeiras células a reconhecer e lutar contra o HIV no corpo.

    Estudos de laboratório mostraram que uma porcentagem mais alta destas células de mulheres saudáveis não infectadas ficaram ativas quando colocadas na presença do HIV-1, em comparação com as mesmas células de homens.

    "Uma ativação mais forte do sistema imunológico pode ser benéfica nos primeiros estágios da infecção, resultando em níveis mais baixos da replicação do HIV-1. Mas, a replicação viral persistente e a ativação crônica mais forte do sistema imunológico podem levar ao progresso mais rápido da Aids, o que tem sido visto em mulheres", afirmou Marcus Altfeld, líder da pesquisa.

    Hormônios

    Os pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts também analisaram o papel dos níveis de hormônios nas mulheres durante a infecção pelo HIV.

    Eles descobriram que as células dendríticas plasmocitóides em mulheres mais velhas, que passaram pela menopausa, apresentavam uma atividade semelhante à observada em homens.

    Mas mulheres mais jovens, que não passaram pela menopausa e que tinham níveis mais altos do hormônio progesterona, tiveram uma maior ativação destas células em resposta ao HIV-1.

    Os cientistas verificaram então se isto levou à ativação de outras células do sistema imunológico, as chamadas células T.

    Quando os especialistas analisaram o sangue de homens e mulheres com o HIV-1, eles descobriram que as mulheres tinham níveis mais altos de células T CD8+ do que os homens que tinham níveis idênticos do HIV-1 no sangue.

    As descobertas, publicadas na revista "Nature Medicine", podem levar a novas formas de tratar o HIV e desacelerar ou até mesmo parar sua progressão para a Aids.

    Para Jo Robinson, da organização de caridade britânica Terrence Higgins Trust, voltada para o tratamento da Aids, a pesquisa americana é "interessante".

    "Existem algumas diferenças genéticas, baseadas no sexo. No entanto, o acesso ao tratamento continua sendo o mais importante fator para evitar que o HIV progrida até o desenvolvimento da Aids", afirmou.

    "Infelizmente, as mulheres são mais afetadas pelo vírus em lugares como a África Subsaariana, onde elas têm menos chances de acesso ao tratamento para o HIV", acrescentou.

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