O aumento da presença das mulheres no mercado de trabalho é uma tendência que se verifica desde os anos 70 no Brasil e que se consolidou nos últimos anos. Segundo a Organização das Nações Unidas, esse aumento, intenso e persistente, é uma das tendências mais claras de mudança na estrutura do mercado de trabalho nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto em toda a América Latina.
No Brasil, o ingresso da mulher no mercado de trabalho mudou profundamente as relações familiares e teve impacto positivo nas lutas por outras garantias de grande valor para a conquista da cidadania plena, como o direito universal de votar e ser votada para cargos públicos, a lei do divórcio, as mudanças no Código Civil, a ampliação da licença maternidade e, mais recentemente, a aprovação da Lei Maria da Penha para punir a violência doméstica.
Estas mudanças foram e são de grande importância na busca da superação dos conceitos históricos que colocam a mulher em condição de inferioridade e submissão perante o homem, ao mesmo tempo em que abrem caminho para a compreensão da origem da opressão de gênero, pois é precisamente no trabalho que se desperta para a consciência de que o sistema capitalista se utiliza da perpetuação do conceito de inferioridade para promover a opressão de classe.
Verifica-se que o acesso ao trabalho é um passo decisivo para a inserção social da mulher, mas ainda permanecem inúmeras situações de discriminação que precisam ser superadas, como o impasse da dupla jornada que permanece como problema crônico, a questão da desigualdade salarial em relação aos trabalhadores do sexo masculino e a igualdade de oportunidades. No universo do mundo produtivo existe uma construção social sexuada que faz com que homens e mulheres que trabalham sejam desde a família e a escola diferentemente qualificados e capacitados para o ingresso no mercado de trabalho.
Compreender a origem dessa discriminação e as diferentes formas com que ela se manifesta é essencial para a elaboração da plataforma de luta concreta dentro das entidades sindicais para enfrentar os desafios atuais das lutas da mulher trabalhadora nesse contexto de crise econômica. Segundo a OIT, o desemprego, agravado pela crise, atinge mais as mulheres, que são 70% da população em situação de pobreza absoluta no mundo. Nessa conjuntura, a bandeira da defesa do emprego é vital para a mulher trabalhadora.
A CTB reconhece a importância do contingente feminino na busca das transformações necessárias ao país para conquistar uma sociedade verdadeiramente justa, democrática e igualitária, tendo sempre defendido a importância da adoção do sistema de cotas de participação de gênero nas instâncias de poder, e, através da Secretaria da Mulher, tem aplicado o objetivo estatutário de lutar em todos os espaços pela efetiva emancipação da mulher.
Entendemos que a crise e os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho não serão superados sem a intervenção firme e unitária do movimento sindical, reafirmando o direito ao trabalho como questão fundamental e referenciado na luta por um projeto de desenvolvimento nacional, fundado na valorização do trabalho, que tenha como perspectiva a conquista do socialismo, sistema social que, em oposição ao capitalismo neoliberal, poderá criar as condições efetivas para a erradicação dos preconceitos, o fim de todos os tipos de discriminação social e a conquista da igualdade entre os seres humanos.
Abgail Pereira é Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil -
abgailpereira@gmail.com
ctb@portalctb.org.br
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil -
abgailpereira@gmail.com
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eu acho muito bom esse tipo de trabalho
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