Enquanto os movimentos de defesa dos direitos das mulheres buscam ampliar o debate social sobre direitos sexuais e reprodutivos, principalmente sobre o direito das mulheres de decidirem sobre seus corpos, entidades ultra-conservadoras encontram apoio de alguns vereadores da cidade de São Paulo para criar uma Frente em Defesa da Vida (leia-se Frente Contra o Aborto).
O maior (ou pior) destaque da matéria é a tentativa de lançar dúvidas a respeito do aborto legal em caso de estupro. Os argumentos de um padre, citando supostos estudos sobre traumas psíquicos em mulheres que interrompem gestação iniciada com estupro, são usados para balizar a vontade do vereador do PSDB - Gabriel Chalita - para criar uma frente parlamentar contra o direito das mulheres.
Não se trata somente de mais uma batalha pela legalização do aborto e pela garantia do estado laico: Desta vez, estão tentando retirar o direito adquirido da mulher, que estuprada e grávida, seria obrigada a aceitar a gestação e calar-se sobre sua dor.
Segue o link para consulta e a matéria completa abaixo.
CÂMARA DE SÃO PAULO CRIARÁ FRENTE EM DEFESA DA VIDA
http://www.camara. sp.gov.br/ cr0309_net/ forms/frmNoticia Detalhe.aspx? n=1028
DIREITOS HUMANOS RECEBE MOVIMENTOS
CONTRÁRIOS AO ABORTO
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara ouviu, nesta
quinta-feira (18/06), representantes de instituições
contrárias ao aborto. O encontro, de luta pelo direito a vida, foi
conduzido pelo vereador Gabriel Chalita (PSDB), que mostrou sua
intenção em criar uma frente parlamentar a respeito do tema. O
debate foi aberto por Hermes Rodrigues Neri, coordenador do
Movimento em Defesa da Vida, de Taubaté. Para ele, "o aborto
é uma privação ao direito de nascer e de tornar-se pessoa." Neri
também citou pesquisa do Ibope, de 2005, em que 97% da
população brasileira diz ser contra a legalização do aborto.
Em seguida, Jorge Pereira Júnior, doutor em direito pela USP,
com estudos voltados para o estatuto da criança e do adolescente
apresentou sua posição a respeito do aborto. Para ele, o "direito
da criança começa no ventre, pois ninguém sabe responder
corretamente quando é o início da vida do ser humano." O padre
Berardo Graz, membro da regional sul da CNBB pelo direito a
vida, comentou estudos de universidades italianas sobre os traumas
psíquicos em mulheres quando o assunto é aborto relacionado a
estupro. De acordo com Graz, "ao retirar um feto advindo de um ato
violento como o estupro, a tendência é que seja reforçada
psiquicamente a idéia do ato violento, em contrapartida com mulheres
que levaram a gestação até o fim e tiveram considerável melhora em
relação ao trauma." Dom José Benedito Simão, bispo auxiliar
da arquidiocese de São Paulo, mostrou a posição da igreja: "o
aborto é um homicídios, pois consideramos que vida humana existe a
partir da fecundação." O vereador Gabriel Chalita mostrou
intenção em criar uma frente parlamentar em defesa da vida. "A
Comissão de Direitos Humanos é um palco que recebe opiniões,
olhares e temas diferentes ligados a vida. Eu acredito na vida como
direito da pessoa humana, desde o momento de sua concepção, por
isso, até mesmo por questões jurídicas, sou contra o aborto.
Estamos conversando com alguns vereadores para fazer reuniões
temáticas com juristas, cientistas, médicos, mulheres e homens para
debater este importante tema", comentou. Participaram do encontro os
vereadores Juscelino Gadelha (PSDB), Carlos Bezerra Jr
(PSDB), Quito Formiga (PR), Goulart (PMDB) e
Gabriel Chalita, presidente.